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ANTÍGONA, DE SÓFOCLES

POST TEMÁTICO

Por CARLOS RUSSO






Prezadas quartieres,


Hoje vamos conversar sobre um clássico absoluto do drama: Antígona, de Sófocles. Essa tragédia do século V a.C. dá continuidade às desgraças dos descendentes de Édipo, trazendo uma figura feminina que desafia o poder estabelecido em nome da lealdade familiar e da justiça divina.


Antígona é a heroína que enfrenta a autoridade em defesa de sua phylia — o amor e o dever para com os seus. Sófocles rompe paradigmas da sociedade machista ao dar protagonismo a uma mulher que ousa viver, sofrer e morrer por um ideal.


O enredo começa após a luta entre Polinice e Etéocles, irmãos de Antígona, pelo trono de Tebas. Ambos morrem em combate. Creonte, tio deles, assume o poder e determina que Etéocles receba honras fúnebres, enquanto o corpo de Polinice, considerado traidor, deve permanecer insepulto.


O édito é claro: quem desobedecer essa ordem será executado. Antígona pede à irmã, Ismênia, que a ajude a sepultar o irmão. Ismênia recusa-se, citando sua condição de mulher e a impotência diante do poder masculino.


Antígona não se intimida: “Poderão matar-me, mas não dizer que o traí.” Para ela, os laços familiares e os costumes sagrados estão acima das leis da cidade.


Creonte, recém-empossado, se declara defensor da pátria: “Nunca terei por amigo um inimigo de meu país.” Um guarda anuncia que alguém sepultou o corpo de Polinice, e o coro sugere: “Não teria sido obra dos deuses?” Mas Creonte, tomado pela arrogância, despreza essa possibilidade.


Antígona é presa. No confronto com Creonte, ela afirma: “Não foi Zeus quem promulgou tua proibição... e não pensei que teus decretos pudessem suplantar as leis não escritas dos deuses.” Para ela, morrer não é castigo, mas destino.


Creonte, inflexível, decreta sua execução. Ismênia, agora arrependida, tenta assumir a culpa, mas Antígona recusa sua ajuda tardia. “Não nasci para compartilhar o ódio, mas apenas o amor”, declara Antígona.


Entra em cena Hemón, filho de Creonte e noivo de Antígona. O jovem tenta convencer o pai a ceder: “O homem sábio não se envergonha de aprender com os outros.” Alerta que o povo teme falar a verdade ao tirano e que o pai governa como se a cidade fosse sua propriedade. “Só num deserto terias o direito de governar sozinho”, diz.


Creonte, porém, está cego de poder. Diz que prefere ser vencido por um homem do que ouvir dizer que caiu diante de uma mulher.


O vidente Tirésias entra e profetiza: “Um herdeiro teu pagará com a vida, pois condenaste um vivo ao sepulcro e deixaste um morto à superfície.” O ciclo da desgraça está completo.


Creonte hesita, mas já é tarde: Antígona se suicidou. Hemón, desesperado, também tira a própria vida. Eurídice, mãe de Hemón, ao saber da morte do filho, se mata.


Creonte retorna com o corpo do filho nos braços, devastado: “Tua morte não foi causada por tua loucura, mas pela minha.”


Agora, finalmente, busca o conselho do povo. Tudo desabou. O coro conclui: “A prudência é a fonte da ventura. Os altivos pagam caro por suas palavras arrogantes quando a velhice chega tarde demais para o juízo.”


Antígona é, ainda hoje, a tragédia grega mais encenada. Um retrato pungente de autoridade, justiça e resistência feminina. Vale ser assistida

 
 
 

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