top of page

ENFERMARIA N. 6, ANTON TCHEKHOV.

POST TEMÁTICO

Por CARLOS RUSSO.



Prezadas quartières, 

Hoje a recomendação de leitura é de uma curta novela russa, escrita pelo mestre Tchekhov, médico brilhante, o primeiro a introduzir a leitura de Freud na Rússia e filantropo. A novela que propomos é baseada no mesmo tema a que, em idêntico período histórico, se dedicou Machado de Assis no magistral “O Alienista”!

Anton Tchekhov nasceu em 1860, filho de um servo liberto. Enquanto quase todos os grandes escritores russos anteriores à Revolução de 1917 originaram-se da aristocracia, o caso de Puschkin, Gogol, Tolstoi, Turgueniev e mesmo o de Dostoievski, houve duas grandes exceções: Tchekhov e Máximo Gorki, pobres de nascença e identificados com a alma dos humildes, que desde que se conheceram tornaram-se amigos para sempre.

A primeira novela “séria” de Tchekov causou e causa enorme sensação! Trata-se da obra-prima “Enfermaria n.6”. Um médico já na maturidade, entediado com o mundo abestalhado e miserável que o cerca, faz amizade com um louco interessante, inteligente, que ele mesmo mandara internar na enfermaria n.6. Seu desencanto com o mundo e para consigo mesmo, fizera com que tratasse os pacientes com pouco caso, sua medicina tornara-se um ofício maçante, burocrático, uma repetição de procedimentos sem envolvimento com os pacientes. Também, no decorrer da vida, fora-se isolando das pessoas comuns por não as suportar. Termina por admitir uma única exceção: o intelectual amalucado interno na enfermaria para alienados. 

Ao final, ele mesmo também é colocado atrás das grades da enfermaria. Nessa novela, onde não entra o amor e a compaixão para nada, temos o simbolismo da desesperança, da humilhação do ser humano pela prepotência indolente de outros seres humanos. A enfermaria, que serve de depósito de alienados, fede a morgue, a merda, a túmulos. Sobre a novela escreveu Elsa Triolet, a escritora e crítica que um dia se apaixonara por Maiakovski: “A censura é uma dama distraída, pois não se pode, de outra maneira, explicar que tenha deixado passar esta novela”. Na época, as pessoas sensíveis viram na

“Enfermaria n.6” uma representação da própria Rússia Czarista, onde os homens mais lúcidos eram enclausurados e, quando se conformavam com a reclusão, recebiam os golpes de policiais boçalizados. Preparem-se para uma leitura que será difícil de ser interrompida antes de seu final!


 
 
 

Comments


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Instagram Social Icon
bottom of page