“BALZAC E EUGÊNIA GRANDET” (Parte 02/02)
- Quartier des Arts

- 30 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
POST QA – LITERATURA CLÁSSICA
POR CARLOS RUSSO
“BALZAC E EUGÊNIA GRANDET”
(Parte 02/02)
Curiosamente, o criador “de “Ilusões Perdidas”, “O Pai Goriot”,” Eugênia Grandet”, “ César Birotteau”, “A Prima Bette”, “Esplendor e Miséria das Cortesãs” e de pequenas joias como “Pierrette” e “A menina dos olhos de ouro”, não era considerado um escritor talentoso por muitos de seus contemporâneos, como o próprio Victor Hugo. Acontece que Balzac discorria sobre temas que nunca antes haviam sido abordados claramente em ficção, tais como a tensão entre as classes sociais, a economia, os meios de transporte, a recém-nascida profissão de jornalista, a vida nos cartórios, as concordatas, as práticas místicas como o espiritismo, a homossexualidade masculina e feminina e a política, num grau de detalhamento nunca antes visto, tudo dentro da forma do romance do século XIX. Balzac possuía duas obsessões: fama e dinheiro. Fez muito dinheiro com a literatura, ao mesmo tempo em que dilapidou suas economias em negócios interessantes, mas que em suas mãos, fracassaram. Esta experiência de fracassos teve repercussão em sua literatura. Alguns de seus maiores romances focam-se em personagens obcecados pela ascensão social. Tais pessoas afundam na vida, muitas envolvidas em questões amorosas — que quase sempre visavam a ascensão social...
Balzac viveu todo o tempo pressionado por dívidas e cobradores. Mas engana-se quem pensa que isto o tenha tornado um escritor descuidado. Balzac era preocupadíssimo com a qualidade de seus textos, revisando-os compulsivamente, nisto sendo muito semelhante a um de seus maiores admiradores:Dostoievski.
Eugênia Grandet, escrito em 1833, conta a história de uma família com um passado semelhante a sua própria. O Sr. Grandet torna-se rico com o bonapartismo, tal como acontecera como o pai Balzac. A avareza de Grandet reproduz a da própria mãe do escritor. Já a heroína Eugênia é uma provinciana filha de pai rico e disputada por potenciais maridos, coincidentemente, o filho do banqueiro e o do chefe da política local. Ora, ela se apaixona por um primo, filho de pai falido, do qual o Sr. Grandet nem admite ouvir falar. Aconselhado por Eugênia e suas economias ele parte em busca de fortuna, para poderem se casar. Eugênia fica resignada à espera. Mas quando retorna, fortuna ele conseguira, assim como nova e rica noiva. Tal sinopse parece apontar para um romance triste e sentimental. Nada disso. Há uma grande ebulição em torno do personagem principal do livro, o pai de Eugênia, rico comerciante de vinhos, um dos maiores avarentos da história da literatura. Assim como a rica personalidade de Eugênia, filha da avareza e dos abusos de um pai enquanto vivo! E tal qual Balzac vivenciava as mulheres: elas somente crescem psicologicamente com a idade. "As jovens pedem muito e pouco têm a dar. As mulheres mais velhas pouco pedem e tudo têm a dar". Eugênia Grandet é considerado, com justo motivo, o primeiro grande romance de Balzac! Boa Leitura!












































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