Dante e o eterno feminino (quinto bloco)
- Quartier des Arts
- 28 de mai. de 2021
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Atualizado: 3 de jun. de 2021
ARTS QA, POR CARLOS RUSSO
Dante e o eterno feminino.
Bloco 5/8
Paolo que se mantém na derrota como indomável e rebelde, deixa-se conduzir pelo Inferno. Ele é a expressão muda de Francesca, o corpo que acompanha a voz. Francesca fala, Paolo chora.
Francesca é mulher e como tal, vencida, derrotada pela paixão, pois a poesia da mulher consiste em se deixar vencer e nesse movimento mantém sua alma imaculada, e “o não sei o que de macio, puro, e delicado, que é o eterno feminino, ser gentil e puro”³. Em Dante, o feminino em sua debilidade e na desgraça da luta conserva intocadas as qualidades essenciais, arranca lágrimas do poeta, o viajante mortal e o derruba como se também morto fosse.
Francesca nada disfarça, nada oculta e confessa com doçura o seu amor. Não possui uma só queixa ou arrependimento, nem sequer busca atenuante ou revolta-se contra Deus. “Paolo me amou, porque eu era bela, eu o amei porque me comprazia ser amada e no prazer dele sentia o meu prazer.” E isto é confessar um amor, que pessoas vulgares não o fazem nem a si próprias.
(Continua na próxima semana)

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